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Afinal, o tamanho conta?


Não há homem que não tenha curiosidade em saber quanto mede o seu pénis. Uns queixam-se que é demasiado pequeno, outros gabam-se de serem bastante “avantajados”. Afinal, o tamanho do pénis é ou não relevante para uma maior satisfação sexual? Terão os homens e as mulheres a mesma visão sobre este assunto?


A questão é bem antiga e não gera consenso. Há quem diga que sim e quem garanta que não, mas será que o tamanho do pénis tem alguma influência na capacidade que o homem tem de proporcionar prazer à mulher? Ou ainda, será que isso faz alguma diferença no quão atraente um homem é?


Assim como a cor dos olhos, cor da pele e a estatura, também o tamanho do pénis é determinado geneticamente, atingindo a sua completa maturidade aos 18 anos. Existem vários tamanhos e feitios no que toca ao órgão genital masculino mas a verdade é que, apesar de tudo, poucas vezes as características físicas influenciam a performance sexual antes das características psicológicas. Ou seja, mais do que os aspetos físicos, a eterna questão envolve, sobretudo, aspetos culturais, emocionais e íntimos.


No entanto, se é para falar de tamanho, vale a pena referir que, segundo os estudos realizados, o comprimento dos pénis caucasianos eretos varia, em média, entre os 11 e os 16 centímetros, o dos negros entre os 15,8 e 20,3cm e o dos orientais entre os 10 a 13,9 cm. Claro que tudo isto é bastante subjetivo, uma vez que fatores como frio, obesidade, ansiedade e tónus muscular tendem a retrair e enrugar o pénis, diminuindo assim o seu tamanho.


O lado masculino da questão…


Fernando Mesquita, sexólogo, explica que o problema não está no tamanho do pénis mas na autoconfiança pessoal. A realidade é que “muitos homens estão tão preocupados com o tamanho do seu pénis, ou em não conseguirem dar prazer às companheiras, que acabam por não se envolver nos momentos íntimos por julgarem que não têm um pénis suficientemente grande e viril”.


Em alguns casos, esta insegurança pode assumir maiores proporções e levá-los ao isolamento, evitando envolverem-se em momentos de intimidade. E, em situações mais extremas, pode mesmo “afetar a sua satisfação sexual e desenvolver dificuldades sexuais, tais como disfunção erétil ou ejaculação prematura”, acrescenta.


Para a sexóloga Ana Carvalheira, este é um assunto muito relevante em termos sociais para os homens, “pois a socialização sexual na nossa cultura é muito exigente, ou seja, dá muita primazia ao desempenho (por isso é que depois há grande preocupação quando perdem a ereção, por exemplo) ”.


Contudo, se, muitas vezes, o problema para os homens se deve ao facto do pénis ser demasiado pequeno, também há quem se queixe de o ter grande mais. E nestas situações a relação sexual pode tornar-se desconfortável e até mesmo dolorosa, especialmente para a mulher. Em alguns casos, existe uma relação direta entre o grande volume peniano e a disfunção erétil, o que pode levar os homens com megapénis – mais de 13,6 centímetros quando está flácido e mais de 19,5 centímetros quando ereto – a recorrer ao médico para corrigir a anomalia.


Esta questão traz ainda preocupações acrescidas para os homens, nomeadamente no que toca à compra de preservativos, a qual se torna uma tarefa difícil. João Silva (nome fictício) é exemplo disso. Em conversa com o Inspire Saúde contou-nos que a compra de contracetivos é a sua principal dificuldade, pois necessita de um tamanho específico não regular e nem sequer pode recorrer aos preservativos que são distribuídos no centro de saúde da sua área de residência porque tornam o ato sexual desconfortável.


Outras das suas preocupações prendem-se com a energia desgastada para manter a ereção e o desconforto feminino que pode existir na relação sexual, sendo que, nestes casos, é necessário adequar a performance às capacidades de ambos.


Ainda assim, graças à diversidade de contracetivos existentes no mercado, é possível encontrar uma solução adequada à preferência e tamanho de cada um – desde o xs ao xxl – mas há que saber escolhê-la de forma a tirar o maior partido possível do ato sexual.


E o lado das mulheres


Se é verdade que esta questão costuma dar dores de cabeça a muitos homens, insatisfeitos com o tamanho do seu órgão sexual, também não se pode dizer que as mulheres sejam indiferentes ao tema. Mas, para elas, mais do que o comprimento, é o diametro que mais diferença faz na hora do ato sexual. Esta preferência deve-se, em grande parte, ao facto de ser nos primeiros quatro a seis centímetros do canal vaginal que se concentram a maior parte das terminações nervosas responsáveis pelo prazer feminino, sendo por isso, como nos diz Ana Cavalheira, “facilmente estimulável com um pénis dito pequeno”.


Para além disso, Fernando Mesquita salienta ainda que, tal como o pénis, também as dimensões da vagina variam, pois o órgão genital feminino é formado por músculos que se expandem durante a excitação sexual e o parto. “Quando a mulher fica sexualmente excitada, a vagina aumenta rapidamente de comprimento, cerca de 10 para 14 centímetros, mas as profundidades iniciais e finais variam de mulher para mulher em cerca de dois centímetros e meio”, realça o sexólogo.


Quando questionados sobre quem mais dá importância ao tamanho do pénis, os sexólogos são unânimes: a questão não é assim tão importante para as mulheres como é para os homens. “Muitas mulheres referem que não valorizam o tamanho do pénis dos seus companheiros, sendo que fatores de personalidade, emocionais, atenção e compreensão, têm mais importância que uns meros centímetros a mais ou a menos”, explica Fernando Mesquita.


E a investigação científica tem vindo a comprovar esta ideia. Por exemplo, um estudo realizado na Universidade Nacional da Austrália, com 105 mulheres heterossexuais, revelou que a característica mais importante para um homem ser considerado atraente é a proporção entre o tamanho dos ombros e a cintura. Surgindo, em seguida, empatados a altura e o tamanho do pénis. Fernando Mesquita aponta ainda outra investigação recente que demonstrou que 85 por cento das mulheres confessaram estar satisfeitas com o tamanho do pénis dos companheiros, ao passo que apenas 55 por cento dos homens está satisfeito com o tamanho dos seus próprios órgãos genitais.


Em suma, tal como em tudo na vida, há opiniões e preferências para todos os gostos. Enquanto algumas mulheres preferem um pénis grande, outras preocupam-se que as possa magoar e outras são completamente indiferentes ao tamanho, concentrando-se mais nas características do parceiro, como a personalidade e aparência física.


Não encare o tamanho como um problema


Sendo esta uma questão que pode ter um peso muito grande na vida sexual masculina, Fernando Mesquita defende que os homens com questões em relação ao tamanho do seu órgão sexual devem procurar a ajuda de um profissional qualificado, podendo ser necessária uma opinião multidisciplinar com um sexólogo, psicólogo, urologista ou andrologista, de forma a entender e solucionar o problema, seja este de natureza física ou psicológica.


Hoje em dia, existe muito o hábito de procurar soluções rápidas e fáceis na internet, mas é preciso estar atento, pois como o especialista alerta “essas soluções que prometem tornar os homens ‘mais dotados’ sexualmente, desde medicamentos, a cirurgias, exercícios e bombas penianas não são credíveis nem estão comprovadas cientificamente, podendo ter repercussões graves na saúde genital masculina”.


Tanto para Ana Carvalheira como para Fernando Mesquita o importante é que o homem se foque menos no pénis como sendo um problema, seja este maior ou mais pequeno do que o desejado. Na maioria das vezes, quando se “trabalha” este aspeto, principalmente em pénis ditos mais pequenos verifica-se que o tamanho não traz realmente qualquer tipo de problema em relação ao ato sexual e ao prazer que é possível proporcionar às mulheres. Até porque mais importante que isso, é o desempenho e a sintonia que se estabelece com a companheira durante a relação sexual.



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