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O que aprendemos sobre o novo sexo em 2019


Troca de parceiros, orgias ou até encontros de apenas uma noite. A sexualidade está a mudar e a prática de sexo livre, sem preconceitos e imposições, é cada vez mais aceite. Em Portugal, há inclusive uma rede social destinada ao estilo de vida swinger e, no fundo, trata-se de liberdade para ter prazer.


O sexo está relacionado com o próprio instinto humano, é uma questão hormonal e até biológica, mas continua a ser visto como um assunto tabu na sociedade. Se recuarmos na história, vemos que práticas sexuais mais liberais não são uma novidade. Recordemos as famosas orgias do Império Romano ou até as festas mais ousadas da Grécia Clássica.


Hoje, as questãos da monogamia, da troca de parceiro e da forma como cada indivíduo vivencia a sexualidade parecem continuar em mutação. Depois da saga cinematográfica As 50 Sombras de Grey, temas como o masoquismo foram chamados à opinião pública e o debate foi lançado. Apesar de todo o protagonismo que a sexualidade moderna tem na Sétima Arte, especialmente no que toca à troca de casais e aos ‘blind dates’, este tema parece estar ainda envolto em secretismo e a preocupação com a manutenção do anonimato de quem tem práticas mais ousadas é máxima.


Mas o que leva um casal a querer trocar de parceiros, a deixar de ter relações apenas um com o outro ou até mesmo a participar em orgias? A resposta pode ser mais imediata do que aquilo aparenta: “Está relacionado com a procura de novas sensações e de novas experiências enquanto casal ou até mesmo enquanto pessoa individual. A busca pela adrenalina é uma estratégia para lidar com emoções e sentimentos negativos”, explica Maria Manuela Peixoto, psicóloga clínica e sexóloga da Unidade Clínica de Ambulatório S. Marcos, em Braga.


A necessidade de quebrar a rotina e de fazer algo que reavive a chama na vida do casal podem ser dois fatores importantes quando ocorre a decisão de procurar novos parceiros. Mas nem sempre essa é a opção mais acertada.


A passos largos rumo ao divórcio?


Se o casamento está a passar por uma fase mais desafiadora, o aconselhado é que falem abertamente sobre os problemas e sobre o que sentem. “Se nos envolvermos numa experiência sexual apenas com o objetivo de agradar ou satisfazer a outra pessoa, podemos estar a desencadear um processo prejudicial a nós próprios e à relação de casal”, afirma Maria Manuela Peixoto.

Apesar de parecer um conselho cliché e inútil, o facto é que o sexo é o assunto de que os casais têm maior dificuldade em falar. O desafio? Dizer à sua cara-metade o que gosta, o que não gosta ou o que gostava de fazer. É um complexo jogo de cintura entre o sim e o não, o permitido e o não permitido, mas é um jogo que deve ser jogado a dois.


Hélder Lourenço, sexólogo clínico da Viseu Health Center, em Viseu, alerta para o facto de muitos casais procurarem soluções diferentes, como ir a uma festa de swing ou até participar numa orgia como se essa fosse uma forma de salvar o casamento. O problema é que, por vezes, isso só piora a situação em vez de unir mais. Por isso, o sexólogo Fernando Mesquita (www.fernandomesquita.net) recomenda que o casal só avance “quando está suficientemente coeso e forte”.


“Se nos envolvermos numa experiência sexual apenas com o objetivo de agradar ou satisfazer a outra pessoa, podemos estar a desencadear um processo prejudicial a nós próprios e à relação de casal”. — Maria Manuela Peixoto, psicóloga



All in! Mas e os limites?


Quando toma a decisão de ter novas experiências e sensações com outros parceiros, é necessário que mantenha a mente aberta. Mas isso não significa que deva ultrapassar os seus limites ou fazer algo com que não se sente confortável. A primeira regra do swing é justamente que se respeite a si primeiro.

“Os clubes, hoje em dia, são como uma discoteca, têm várias zonas e há muitos casais que não vão aos clubes propriamente com a premissa de swing, mas sim porque, por exemplo, as mulheres podem dançar as músicas todas à vontade. Nunca vão ter uma rodinha à volta delas nem pessoas a pressioná-las ou a perguntar se estão solteiras. É um ambiente de muito mais respeito, de muito mais sensualidade e é uma brincadeira na relação do casal que acaba, 90% das vezes, por tornar o casal mais unido”, explica o representante do site swpt.org, que preferiu manter o anonimato.


“Muitas vezes compara-se o sexo a três e/ou a troca de casais aos desportos radicais, pois, embora possam ser muito excitantes, também são perigosos”. — Fernando Mesquita, sexólogo


De acordo com a swpt.org, Portugal é um dos países a nível mundial onde existem mais swingers, se tivermos em conta a população total. Só em Lisboa, há cerca de 20 clubes e, no total do país, são cerca de 40. Estas festas que se pretendem privadas e discretas podem ir dos 20 € até aos 5.000 € por casal, dependendo do estilo da festa e da exclusividade. No caso do swing, é fácil perceber que vai mais além de uma prática sexual, podendo ser encarado como um estilo de vida.


Os fundadores deste site, que está online há dez anos, sentiram necessidade criar esta plataforma justamente porque, à época, não havia em Portugal um llocal onde os casais pudessem conversar abertamente. Hoje o site é considerado uma rede social onde, “para entrar, têm de fazer um registo, dizer o que procuram e dizer se são ou não casal. Depois têm de fazer a validação, que consiste em tirar uma fotografia, em que não é necessário mostrar a cara, desde que se perceba que são um homem e uma mulher, segurando uma folha de papel onde têm de escrever à mão o seu nickname e o dia de registo”, explicou o representante do site à Men’s Health.


Atualmente, o swpt.org conta com 6.500 casais, ou seja, 13 mil pessoas em atividade contínua no site e com cerca de cem mil acessos por mês. É lá que podem conhecer pessoas solteiras ou casais que buscam o mesmo tipo de experiências.


Fantasias a dois


A troca de parceiros é uma das fantasias mais comuns. “Para algumas pessoas, sentir que há alguém que deseja o/a seu parceiro/a é um excelente estímulo para o ego e para a autoestima”, afirma o psicólogo e sexólogo Fernando Mesquita. Além disso, não devem esquecer que se trata de um momento de prazer físico e que não devem misturá-lo com os sentimentos.


Quando falamos em relações que permitem práticas sexuais com outros parceiros, é necessário ver que não se fala de infidelidade. Já o sexólogo Hélder Lourenço refere mesmo que existem duas esferas de infidelidade: a sentimental e a sexual. Quando um casal decide ter relações com outras pessoas, por exemplo, está a dar mais importância à fidelidade sentimental, dizendo-se monogâmicos a nível espiritual e sentimental, mas poligâmicos a nível sexual.


“Basicamente, os swingers valorizam na sua relação ou casamento a fidelidade emocional em detrimento da física”, continua Fernando Mesquita, salientando que, embora as fantasias sejam uma forma de dar variedade e de manter a chama da relação ativa, nem sempre é fácil colocá-las em prática. “Muitas vezes compara-se o sexo a três e/ou a troca de casais aos desportos radicais, pois, embora possam ser muito excitantes, também são perigosos”, explica o sexólogo.


“O estabelecimento de limites e de regras entre os membros do casal será, certamente, o fator determinante a ter em consideração ao nível da satisfação que a atividade poderá ter”, elucida a psicóloga clínica Maria Manuela Peixoto. “Pode ser importante refletirmos em torno da ideia de que a nossa própria satisfação sexual está intimamente ligada à satisfação experienciada pela pessoa com quem estamos. Algumas pessoas podem experienciar sentimentos de proximidade e de intimidade pelo simples facto de observarem o/a seu parceiro/a a ter relações sexuais com outra pessoa ou simplesmente a ter prazer.


Para um casal que se sente confortável na prática do swing, este pode ser um fator determinante para se envolver nesta prática”, continua a especialista. Trocar de parceiros ou participar em festas mais excêntricas não é aquilo que procura, mas continua a querer reavivar a chama do seu casamento? Maria Manuela Peixoto recomenda que veja pornografia com a sua cara-metade. “A pornografia pode ser um recurso extremamente útil para promover a intimidade e o desejo e para apimentar algumas relações”.



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